domingo, 30 de dezembro de 2007

Auto – Indulgência (Uma mensagem de Solstício de Verão)

Muitas religiões condenam o excesso, o exagero, o desperdício. Especialmente quando o exagero se trata de qualquer prazer. Auto-indulgência significa não apenas realizar os próprios desejos, mas fazê-lo como se isso fôsse a única coisa, tanto e tantas vezes e de tantas formas diferentes que o prazer chega a se tornar em dor, lacera a carne e traz o sangue à tona, e adentra o corpo pelo sangue, impregnando-o com sua essência. É uma das virtudes pagãs que desejo louvar agora, sendo que estarei escrevendo sobre outros conceitos que me encantam mais adiante. Como provavelmente esta é a última postagem do ano de 2007, desejo fazer dela também uma mensagem de ano-novo para todos aqueles que lêem estas páginas malditas.

Então, como eu ía dizendo... Há um complô antigo para que as pessoas não se dêem o luxo da luxúria. Toda sorte de morais ocidentais nasceram de um desejo de anular a fome e a sede que temos pelas coisas que amamos e que nos dão prazer. Ser faminto e sedento como um cão é sinal de inferioridade para muitos, mas não para mim. Pobres daqueles que querem fazer altares de sua miserabilidade existencial, que olham de cima para nós que somos seres que rastejam em busca de qualquer migalha de prazer, como aristocráticas estátuas egípcias. Ninguém deve se envergonhar por não ser mais que um cão. Hoje escrevo estas palavras após a festa ritualística que reuniu em casa todos os belos pagãos que consegui convocar, e que me fez mais uma vez saber que a mais excelente arte é feita pelos famintos, que apenas os famintos realizam bom gosto. Nego a virtude, nego a evolução, quero ser apenas a serpente que sou, cheio de desejos, cheio de manias, cheio e não vazio. Adeus à metafísica: quero me tornar cada vez mais físico! Nada de verdades invisíveis e impalpáveis que se busca no além. Quero apenas mergulhar com todas as minhas forças em tudo que seja palpável como eu.

A auto-indulgência é o que eu desejo para todos os meus verdadeiros amigos (amigos não, amantes) neste próximo ano. Este mundo é o mundo perfeito para quem não é idiota e deseja aproveitar a vida. Tantas belezas, tantas delícias, todas postas à mesa para quem sabe cultivá-las, colhê-las e comê-las. Às vezes eu penso que o mundo foi criado só para mim... Tão perfeitas são as suas obras, que se encaixam tão perfeitamente a mim, a meu corpo, a minha mente. E eu, que sei ser auto indulgente, como cresce em mim a capacidade de aproveitá-las, em suma, como é grande em mim a força de amar. Espero que possamos todos ser consumidos por estas forças, enquanto escolhemos uma parcela generosa da vida para devorar com avidez. Se timidez, sem frescuras, sem regras de etiqueta. Amor e fome rimam desde eternidades...

Um comentário:

Unknown disse...

Will you keep your fancy clothes on, for me?
Can you bear a little longer to wear that leash?
My love, I swear by the air I breathe:
Sooner or later, you'll bare your teeth

But for now, just dance, darling
C'mon, will you dance, my darling?
Darling, there's a place for us
Can we go, before I turn to dust?
Oh my darling, there's a place for us
Oh darling
C'mon will you dance, my darling?
Oh, the hills are groaning with excess
Like a table ceaselessly being set
Oh my darling, we will get there yet

They trooped past the guards,
Past the coops, and the fields, and the farmyards
All night, till finally:

The space they gained grew
Much farther than the stone that bear threw
To mark where they'd stop for tea

But walk a little faster
And don't look backwards
Your feast is to the East, which lies a little past the pasture

When the blackbirds hear tea whistling, they rise and clap
And their applause caws the kettle black
And we can't have none of that!